Texto Áureo: Gn. 18.32 –
Leitura Bíblica: Na. 1.1-3; 9-14
Prof. José Roberto A. Barbosa
INTRODUÇÃO
Esta na moda uma teologia bastante condescendente, que supervaloriza a
misericórdia e o amor divino em detrimento do julgamento. A aula de hoje
servirá para reestabelecer o equilíbrio bíblico a esse respeito. O Deus da
Bíblia é amor (I Jo. 4.8), mas também é fogo consumidor (Hb. 12.29). O livro de
Naum ressalta essa verdade, a respeito da qual trataremos nesta lição. A
princípio apontaremos os aspectos contextuais do livro, em seguida, sua
mensagem, e por último, a aplicação para os dias atuais.
1. ASPECTOS CONTEXTUAIS
Naum, cujo nome significa
“confortador”, era da Galileia e pronunciou o juízo de Deus contra a Assíria, na
medida em que também confortou Judá por causa da opressão daquele inimigo. Sua
profecia é destinada, especificamente, aos judeus, às tribos do Sul, provavelmente
entre 663 a 612 a. C. O cumprimento da profecia da destruição da Assíria, se
deu por volta de 663 a. C., após a queda de Tebas. O versículo-chave do livro
se encontra em Na. 1.7-9: “O SENHOR é bom, uma fortaleza no dia da angústia, e
conhece os que cofiam nele. E com uma inundação transbordante acabará de uma
vez com o seu lugar; e as trevas perseguirão o seus inimigos. Que pensais vós
contra o SENHOR? Ele mesmo vos consumirá de todo; não se levantará por duas
vezes a angústia”. Os livros de Naum e Jonas se complementam, pois os dois
tratam do julgamento sobre a Assíria, e têm Nínive, a capital do império, como
foco. O Reino do Norte, Israel, já havia caído nas mãos dessa potência mundial
em 722 a. C., que agora assolava o Reino do Sul, Judá. Naum foi levantado por
Deus para proclamar a ira do Senhor sobre essa nação, que viria a cair diante
da Babilônia. Através das profecias de Naum, sabemos que Deus não é apenas o
Senhor de Israel, mas de toda a história. Ele está no comando das nações, o mundo
está sobre a Suas mãos, pois “o SENHOR é Deus zeloso e vingador (...) tardio em
irar-se, mas grande em poder e jamais inocenta o culpado” (Na. 1.2,3). O livro
de Naum apresenta a seguinte divisão: A terrível ira de Deus – os princípios do
julgamento divino (Na. 1.1-7); a ira pessoal de Deus – o julgamento de Deus
sore Nínive e Senaqueribe (Na. 1.8-15); a ira de Deus manifesta – a destruição
de Nínive (Na. 2.1-3.11) e a ira irresistível de Deus – a destruição de Nínive
foi inevitável (Na. 3.12-19).
2. A MENSAGEM DE NAUM
A mensagem de Naum começa em Deus, pois Ele é zeloso e vingador, que tem
ciúme do Seu povo, por isso exercerá justiça sobre os inimigos do Seu povo (Na.
1.2,3). Os inimigos de Deus, nos tempos do profeta, estavam materializados na
Assíria, que representavam o mal contra a Israel e Judá (Na. 1.9-11). Como
consequência, a ira de Deus sobreviria sobre aquela nação (Na. 1.12-14), que
resultaria em paz para Judá (Na. 1.15). Nínive iria cair, “como palha mais seca”
(Na. 1.10), o jugo sobre Israel seria quebrado (Na. 1.12,13). Aquela destruição
seria motivo de júbilo e celebração, pois não haveria mais razão para medo (Na.
1.15). Sendo Deus o Senhor, e estando Ele no comando da situação, de nada
adiantaria a Assíria lançar mão das suas armas poderosas (Na. 2.1). Todo
artifício humano cai por terra quando Deus determina a Sua vontade. As forças
humanas não podem ir de encontro aos desígnios de Deus, pois Ele é soberano. As
promessas feitas ao Seu povo se cumprirão, para tanto, destruirá as fortalezas
dos inimigos (Na. 2.2-19). Quatro imagens são apresentadas por Naum para
denunciar a culpa dos ninivitas: a cidade é um leão que causa pavor à
vizinhança (Na. 2.11,12); uma prostituta que escraviza os outros com feitiçaria
(Na. 3.4); uma cidade egípcia de Tebal, que acaba sendo destruída pela Assíria
(Na. 3.8-10); e gafanhotos que destruíram o campo (Na. 2.15-17). Mas Deus não
admite a opressão de nações que abusam do poder para tirar vantagem e oprimirem
as mais pobres. Ele acompanha as situações de injustiça entre as nações, e como
fez com a Assíria, agirá em relação às nações no futuro (Na. 2.13; 3.5). A
queda daquele império, e de tantos outros que oprimem as nações ainda hoje, foi
e será motivo de júbilo, pois aliviará o fardo daqueles que se encontram
debaixo de jugo pesado (Na. 3.14-19).
3. PARA HOJE
Nenhum império é absolutamente grande perante Deus, nações subiram e
depois desceram, um exemplo disso é a queda de Roma no quinto século da era
cristã. A queda de Nínive, bem como da Babilônia, é uma demonstração de que
somente o Reino de Deus permanece para sempre (Sl. 45.6). Desde o princípio os
seres humanos querem construir suas torres, tal como o império de Nimrode, que
querem se instituir permanentemente sobre a terra (Gn. 10.8; 11.11). Mas o
julgamento de Deus virá, não apenas sobre as pessoas, mas também sobre as
nações (Mt. 25.31,32). Deus não quer que as pessoas pereçam, pois é
misericordioso, e rico em perdoar (II Pe. 3.9,10), mas estabeleceu um dia de
julgamento, no qual destruirá as nações que não se arrependerem, e que
perseguiram Israel na Tribulação (Ap. 20.4). O conforto, que é o significado do
nome Naum, será não para os inimigos, para aqueles que oprimem, mas para os que
são oprimidos, pois serão confortados pelo Senhor. O Deus de Israel, e da
Igreja, é de vingança, Ele não deixará impune aqueles que se opõem à Sua
palavra, e que perseguem o Seu povo (Dt. 32.35; Rm. 12.19). Nínive, como
império fundado por Nimrode, continua sendo símbolo dos governos humanos que se
opõem a Deus (Ap. 17.5). Mas o império dos homens tem data marcada para
terminar, ainda que não saibamos quando será o dia e a hora. Durante a
Tribulação, Babilônia, o império do Anticristo, cairá por terra (Ap. 18.2). Os
governantes da terra lamentarão a queda desse último império (Ap. 18.16-18). Os
súditos do reino de Deus celebrarão, cantarão louvores a Deus, pois a glória
terrena findará, dando lugar ao poder de Deus (Ap. 19.1-4; 6-9).
CONCLUSÃO
Jonas recebeu a incumbência de ir para Nínive proclamar a Palavra do Senhor
(Jn. 1.1,2; 3.1,2). Na ocasião, a cidade se arrependeu, mas não persistiu em
obediência, antes se entregou à vaidade. Por causa disso, aproximadamente
duzentos anos depois, foi destruída. Isso mostra que Deus tolera o pecado, pois
não deseja que ninguém seja destruído, mas deseja que todos se arrependam (II
Pe. 2.9). Caso contrário, Seu julgamento virá (I Ts. 5.2,3), por isso, é
preciso ter cuidado para não recair no pecado da apostasia, que resultará em
destruição eterna (Hb. 1.9; 6.6; 10.26).
BIBLIOGRAFIA
BOICE, J. M. The minor prophets. Grand Rapids:
Bakerbooks, 2006.
BAKER, D. W.,
ALEXANDER, T. D. STURZ, R. J. Obadias,
Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque e Sofonias: introdução e comentário. São
Paulo: Vida Nova, 2001.
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