Texto Áureo: Hc. 1.13 –
Leitura Bíblica: Hc. 1.1-6 2.1-4
Prof. José Roberto A. Barbosa
INTRODUÇÃO
O Deus da Bíblia é soberano, isto é, todas as coisas estão sob o Seu
governo e controle. Nada acontece sem Sua direção e/ou permissão (Ef. 1.11),
Seus propósitos não podem ser frustrados (Is. 46.11). Na lição de hoje
estudaremos a respeito dessa doutrina com base no livro do profeta Habacuque. A
princípio, destacaremos os aspectos contextuais do livro, em seguida, sua
mensagem, e por último, sua aplicação para hoje.
1. ASPECTOS CONTEXTUAIS
Habacuque, cujo nome
significa abraço, teve como propósito mostrar que Deus ainda está no controle
do mundo, apesar do aparente triunfo do mal. O profeta destinou sua mensagem à
Juda, o Reino do Sul, provavelmente entre os anos 612 a 589 a. C, durante o
reinado de Josias. Esse foi um rei de Judá bastante piedoso e que exerceu papel
fundamental na restauração da nação. Alguns estudiosos defendem que Habacuque
foi um levita que participou das reformas desse rei. Naquela época a Babilônia
tornava-se a maior potência mundial, e Judá logo sentiria sua força
destruidora. No cenário nacional, o povo de Judá estava sendo solapado por
problemas internos, tais como crime, ódio, corrupção e divisão. Habacuque se
angustia com essa situação, principalmente com as respostas dadas pelo Senhor. O
versículo-chave se encontra em Hc. 3.2 “Ouvi, SENHOR, a tua palavra e temi;
aviva, ó SENHOR, a Tua obra no meio dos anos, no meio dos anos a notifica; na
tua ira lembra-te da misericórdia”. O livro apresenta a seguinte subdivisão:
Questionamentos a Deus (Hc. 1,2): Pergunta 1: Por que os pecados de Judá ainda
não foram julgados? e Pergunta 2: Como pode Deus punir Judá usando uma nação
mais ímpia ainda? Habacuque adora a Deus (Hc. 3): o profeta lembra a
misericórdia de Deus e confia no Senhor para a salvação.
2. A MENSAGEM DE
HABACUQUE
O profeta não compreende a razão de tanta injustiça e violência em
Judá, principalmente porque Deus não manifesta a Sua justiça diante daquela
situação (Hc. 1.1-4). A resposta do Senhor deixa Habacuque ainda mais
contrariado, pois não entende o motivo dEle usar uma nação ímpia para executar
a disciplina sobre Seu povo (Hc. 1.5-12). Habacuque teme que os babilônios,
após subjugarem Judá, se tornem arrogantes, e menosprezem mais ainda o povo de
Deus (Hc. 1.13-17). O questionamento de Habacuque se parece com muitos que
ouvimos: por que Deus não se posiciona diante de tanta maldade? Por que Ele não
resolve o problema do mal e do sofrimento humano? Deus responde as questões de
Habacuque, suas revelações são incômodas (Hc. 2.1-3). Ele revela ao profeta que
as nações que arvoram grandeza, que se fiam em seu poderio, cairão no futuro
(Hc. 2.4-20). Os impérios humanos sobem e descem, nenhum governo persiste para
sempre, as impiedades serão julgadas. Ninguém deve julgar a espiritualidade de
um povo com base em seu desenvolvimento econômico. Habacuque, após ouvir as
respostas de Deus, as aceita pela fé, que o conduz à oração e a pedir ao Senhor
que avive Sua obra no decorrer dos anos (Hc. 3.1,2). Deus contraria mais uma
vez o profeta, ao mostrar que os próximos anos serão de juízo (Hc. 3.3-15). Ele
sente a miséria da nação, angustia-se pela dor do seu povo, e se nega a ser
conduzido pelas circunstâncias. Ao contrário, reafirma a sua fé em Deus,
independentemente do que venha a acontecer (Hc. 3.17,18). Apesar do perigo
iminente, Habacuque sabe que pode confiar na soberania de Deus, por isso, se
deixa guiar pela Sua palavra, através da fé (Hc. 3.19).
3. PARA HOJE
Onde está Deus quando as pessoas estão sofrendo? Esta é uma pergunta
que tem incomodado a muitos. Alguns céticos inclusive negam a existência de
Deus a partir dessa indagação. A resposta de Deus ao sofrimento humano é o Seu
próprio sofrimento, em Cristo, na cruz do calvário (Mt. 27.30-34). Deus sabe o
que é sofrer, mais que isso, Ele continua sofrendo com aqueles que padecem e
são perseguidos (At. 9.4). Quando não compreendemos os desígnios de Deus,
devemos aceita-los soberanamente, ciente de que Ele tem os Seus propósitos (Rm.
8.28). Perguntamos a Deus “por que?”, mas na maioria das vezes, não temo acesso
aos Seus “porquês”. Diante dessa realidade, o melhor é saber que Deus tem um
“para que” em tudo o que faz. É nesse contexto que o justo viverá da e pela fé,
como afirma Habacuque (Hc. 2.4) e é reafirmado por Paulo (Rm. 1.17; Gl. 3.11) e
o autor da Epístola aos Hebreus (Hb. 10.38). Essa declaração resultou na
Reforma Protestante, pois através desse texto Lutero compreendeu que o homem é
justificado por Deus, quando decide acreditar nEle. Essa fé não é meramente
intelectiva, ou seja, não se trata apenas na crença em um conjunto de
doutrinas, mas na disposição existencial de ir após Cristo, negando-se a si
mesmo (Mt. 16.24; Lc. 9.23). Viver pela fé é estar disposto a aceitar a
soberania de Deus, a não retornar, mesmo quando as coisas não fazem sentido
(Hb. 10.37-39; 11.1,6). Com Habacuque devemos aprender a orar com confiança em
Deus, não apenas para receber o que desejamos, mas para aceitar Sua vontade
soberana (I Jo. 5.14).
CONCLUSÃO
Deus é soberano, Ele está no controle de todas as coisas. Às vezes não
compreendemos porque acontece tanta maldade no mundo. Deus responde que no mundo teremos aflições
(Jo. 16.33), Ele mesmo padeceu na cruz do calvário (Mt. 27.39-43). Mas Deus,
soberanamente, estabeleceu um tempo em que o mal não mais triunfará (Ap. 20.4).
Enquanto esse dia não chega, aprendamos, com Habacuque, a confiar em Deus,
independentemente as circunstâncias (Hc. 3.17-19).
BIBLIOGRAFIA
BOICE, J. M. The minor prophets. Grand Rapids: Bakerbooks, 2006.
BAKER, D. W.,
ALEXANDER, T. D. STURZ, R. J. Obadias,
Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque e Sofonias: introdução e comentário. São
Paulo: Vida Nova, 2001.
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